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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

sábado, 30 de setembro de 2017

HAMILTON, PEDRO TIERRA, E LULA
fB 300917

obre a delação e a recusa
​​​Por Pedro Tierra*
Pertenço a uma geração que viu não poucos companheiros de luta voltarem das sessões de interrogatórios deformados pela brutalidade dos espancamentos para não entregar um ponto de encontro, uma informação, um documento. Para não delatar. Para não trair. Alguns simplesmente, não voltaram. Pagaram com a morte seu silêncio. A delação era a ignomínia. A condenação ao ostracismo, à exclusão de qualquer ambiente de convívio social. A morte civil.
Muito já se escreveu sobre a traição e os traidores. A literatura é abundante sobre esse gesto humano ignóbil, particularmente nas disputas pelo poder. Da bíblia aos gregos, de Dante a Shakespeare. Ainda que momentaneamente saudada por quem dela se beneficiou, a traição não perde seu caráter repulsivo, mesmo para eles. É indelével e permanecerá para sempre na face do traidor. Nas suas relações futuras, todos se lembrarão dele. E dela. E apontarão o estigma, quando for conveniente.
A História, tampouco, poupa os traidores. O nascimento das nações resultou, em geral, de partos sangrentos. Em que a forca e os fuzilamentos não foram economizados, de parte a parte. De quem oprimia e de quem contra a opressão se levantava. Países que conseguiram constituir-se como nações, com território, língua, cultura, com um destino comum construído pela vontade majoritária dos seus nacionais reservam aos traidores as penas mais severas.
De uma prática considerada repulsiva, a delação converteu-se, no Brasil do golpe, em moeda corrente, manipulada pelo Estado e pela mídia, diante do silêncio e, não se enganem, do desprezo da sociedade. Temos assistido com o estômago embrulhado a um espetáculo que a cada dia nos surpreende pela desfaçatez e o cinismo.
O Instituto da Delação Premiada é um singelo exercício institucional em que o traidor vende ao Judiciário o relato que melhor lhe convém sobre o crime que cometeu. E recebe, em troca, benefícios compatíveis com a avaliação que faz o Juiz do peso social e político da personalidade traída, com vista aos objetivos que ele, Juiz, deseja alcançar.
Não chega a ser surpreendente o rápido processo de desmoralização e degeneração de um mecanismo dessa natureza que se utiliza de um comércio entre o tratador e os répteis que se dispõem a mentir, a rastejar pela migalha de um favor, de um benefício pessoal, de uma redução de pena ao oferecer aos acusadores a cabeça de eventuais cúmplices, agora desafetos, não se escusando à esperteza de furtar a delação mais suculenta de algum ex-sócio.
Não cabe a comparação, por indevida, entre quem foi despedaçado física e moralmente pela Ditadura Militar e, eventualmente, fraquejou e esses escroques docemente constrangidos a delatar, a mentir, em troca da promessa de usufruir das relações e da fortuna que amealharam de forma criminosa.
Há fatos que lançam sobre o passado sua luz, elucidam circunstâncias e conferem a eles um novo significado. Nos últimos dias estivemos diante de fatos dessa natureza. Duas declarações emitidas por dois importantes personagens da República: a primeira, prestada diante do juiz da 13ª Vara de Curitiba. Perguntado pela defesa do Presidente Lula: “O Doutor Sérgio Mouro fez uma pergunta sobre se o senhor tratava de contribuições paralelas, não contabilizadas, caixa 2. O senhor fez uma afirmação aqui muito clara, eu nunca tratei. Então eu pergunto, o senhor hoje muda a versão por conta da sua delação premiada”? Resposta – “ Eu não tenho um acordo de delação premiada. – “O senhor tem uma negociação em curso”. –“Existem tratativas. Isso é um assunto que está a cargo dos meus advogados, eu confio no trabalho deles, são advogados de alta qualificação, com experiência no setor, e confio que eles estejam fazendo o melhor, dentro da lei, olhando maneiras de contribuir com a justiça, que é a minha vontade, e maneiras de obter benefícios, que também é a minha vontade”. Transferir aos advogados a responsabilidade pela decisão não anula o fato concreto de delatar. De negar a declaração anterior “Eu nunca tratei” para atender aos objetivos do interrogador. A que versão se deve dar crédito? Esse é o problema do delator. Será perseguido pela declaração anterior. Porque o compromisso não é com os fatos – já que não foi, afinal, oferecida nenhuma prova além de sua própria palavra –, o compromisso é com o “tratador”.
O corolário desta declaração que circulou há poucos dias na forma de carta-renúncia à condição de filiado ao Partido dos Trabalhadores, representa um esforço malsucedido de emprestar dignidade à desonra. O essencial, o que ficará, é o comércio que se operou entre o tratador e os répteis que a ele sucumbiram. Esse comércio enfeixa todo o significado simbólico do gesto do delator. Em alguns meses os beneficiados deitarão ao fogo a memória desses fatos e seus personagens e a converterão em cinzas. Eles perderão a serventia.
Para conforto de seus novos amigos ele, por sua parte, assegura que vai se empenhar a partir de agora, convertido à virtude, pensando mais em sua família do que no partido, em defender a verdade. Não escapará da armadilha que preparou para si mesmo: estará defendendo sua verdade particular ao lado da plutocracia que um dia combateu.
A segunda circulou pela imprensa convencional e pelas redes sociais: “Só luta por uma causa, quem tem valor. Os que brigam por interesse têm preço. Não que não me custe dor, sofrimento, medo e, às vezes pânico. Mas prefiro morrer que rastejar e perder a dignidade”. Dias depois dessa declaração o dirigente político que
a proferiu foi condenado a 30 anos de prisão. E afirmou estar feliz pela absolvição de um companheiro de processo.
A síntese exprime uma aguda consciência da natureza de classe do conflito em que se debate o país e a escolha de um homem maduro, provado nas múltiplas circunstâncias históricas que enfrentou. Soube conduzir e vencer batalhas. Sabe entender as derrotas que sofreu. Mas sabe também que o sonho que construímos ao longo da vida só nos abandona quando dormimos.
Definitivamente, o processo que envenena o Brasil e que resultou no golpe de 2016, cujo propósito principal é nos devolver à humilhante condição de neocolônia fornecedora de produtos primários, despe as disputas políticas das vestimentas hipócritas do discurso moral que dominou a cena pública do país nos últimos anos. São o que são: escolhas políticas.
Neste momento da história assistimos, com as variações determinadas pelas condicionantes econômicas, sociais e culturais de cada país, o capitalismo se despedir de sua mais vistosa invenção política: a Democracia Liberal. Ela deixou de ser funcional para a acumulação. As instâncias convencionais da ação política foram esvaziadas, os sindicatos, os partidos, os parlamentos. E substituídas pelos comitês executivos das grandes corporações. No caso brasileiro a hipertrofia dos órgãos de controle e a condição de poder tutelar sobre os demais poderes assumida pelo judiciário gerou as condições para um golpe de estado capaz de, em alguns meses, fazer da Carta de 88 uma Constituição bastarda. Liquidado o capítulo dos Direitos Sociais que justificava seu título de “Constituição Cidadã”.
As petroleiras, os bancos, o agronegócio, o monopólio da mídia, contam entre os 3% da sociedade que apoiam o governo ilegítimo de Michel Temer. E têm força suficiente para mantê-lo no poder até que cumpra o desmonte cabal do projeto democrático-popular representado por Lula e pelo Partido dos Trabalhadores. Os autores das declarações de que tratei aqui serão julgados, num futuro que espero seja breve, pela integridade com que se conduziram diante das escolhas políticas que fizeram.

*Pedro Tierra (Hamilton Pereira) é poeta. Ex-Presidente da Fundação Perseu Abramo.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

“Contradições da direita e fragmentação da esquerda abrem cenário para que tudo possa acontecer”


Mais uma de­núncia de cor­rupção contra o pre­si­dente Mi­chel Temer é en­ca­mi­nhada à Câ­mara dos De­pu­tados, apro­vada pelo STF por 10 votos a 1. Ao lado disso, Ra­quel Dodge as­sume o lugar de Ro­drigo Janot na Pro­cu­ra­doria Geral da Re­pú­blica, o que en­sejou co­men­tá­rios sobre o es­fri­a­mento das in­ves­ti­ga­ções da Lava Jato. De outro lado, um clima de de­sen­canto ge­ne­ra­li­zado inibe qual­quer ação po­lí­tica. Sobre este quadro, en­tre­vis­tamos Milton Temer, ex-de­pu­tado fe­deral entre 1998 e 2006.

“Vou ser bom­bar­deado por meus ca­ma­radas, e até amigos, ainda dentro do neoPT, mas vejo esse fenô­meno como se­quela in­con­tes­tável do pe­ríodo de co­op­tação pelo lu­lo­prag­ma­tismo. Quando Lula hoje se con­si­dera traído por Pa­locci, ele não pode negar que foi com Pa­locci em par­ceria com o então recém-eleito de­pu­tado tu­cano Hen­rique Mei­relles, a quem en­tregou o Banco Cen­tral de­pois de reu­niões com Deus sabe quem nos Es­tados Unidos, que co­meteu a grande gui­nada ide­o­ló­gica e pro­gra­má­tica em favor do Pacto Con­ser­vador de Alta In­ten­si­dade”, disse, em alusão à de­fi­nição de André Singer, autor de Os Sen­tidos do Lu­lismo e As con­tra­di­ções do Lu­lismo.

Milton também con­si­dera bra­vata a de­cla­ração do par­tido que venceu as ul­timas quatro elei­ções fe­de­rais sobre boi­cote ao pro­cesso de 2018 caso a par­ti­ci­pação de Lula seja im­pe­dida. “Uma sa­tis­fação à pla­teia. Vá propor isso aos par­la­men­tares fe­de­rais e es­ta­duais, em grande parte trans­for­mados em apa­ratos de re­pro­dução de man­datos... Vá dizer a eles para abrirem mão da pró­xima cam­panha... Eu até acho que eles já estão ope­rando, em­bora ne­guem pu­bli­ca­mente, um plano al­ter­na­tivo de dis­puta ma­jo­ri­tária”, cu­tucou.

E se de um lado ad­mite uma pa­ra­lisia nos se­tores que po­de­riam fazer re­sis­tência a um go­verno pra­ti­ca­mente ze­rado na acei­tação po­pular, de outro en­xerga uma in­con­sis­tência nas ar­ti­cu­la­ções da classe do­mi­nante bra­si­leira, em es­pe­cial nos se­tores que mandam na eco­nomia. “A des­peito das úl­timas de­cla­ra­ções de mi­li­tares, eu me per­gunto: golpe contra quem, quando a de­núncia que fazem é da des­mo­ra­li­zação do go­verno tu­cano-PMDB por cor­rupção?”, in­dagou.

A en­tre­vista com­pleta pode ser lida a se­guir.

Cor­reio da Ci­da­dania: Mais um pro­cesso sobre cor­rupção contra Mi­chel Temer teve seu en­ca­mi­nha­mento au­to­ri­zado pelo STF. Afinal, o que dizer do pre­si­dente? 

Milton Temer: Que na­vega entre a sem-ver­go­nhice e a pa­to­logia mental. Na reu­nião da ONU, inex­pres­siva pelas au­sên­cias, e des­ne­ces­sária pela ameaça de Trump, ficou jo­gado no canto, dando uma única en­tre­vista, para a Reu­ters. En­tre­vista na qual, di­ante do ques­ti­o­na­mento das in­ves­ti­ga­ções sobre cor­ruptos e cor­rup­tores, des­taca o pleno e livre an­da­mento das ins­ti­tui­ções con­cer­nentes, ao mesmo tempo em que as agride quando se trata de seu caso pes­soal e tenta blo­queá-las acin­to­sa­mente nos re­cursos ao Su­premo.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como avalia a saída de Ro­drigo Janot e a en­trada de Ra­quel Dodge na PGR?

Milton Temer: A nova pro­cu­ra­dora chega sob sus­peita. Não porque Janot seja in­con­tes­tável, mas pelo fato de ela ter sido es­co­lhida numa lista onde não foi a mais vo­tada. E, o que é mais grave, es­co­lhida sob aus­pí­cios do usur­pador e seus prin­ci­pais par­ceiros na qua­drilha do PMDB, com es­pe­cial des­taque para Sarney.

Quem tem esses pa­dri­nhos, bom su­jeito só será se con­se­guir provar.

Cor­reio da Ci­da­dania: De outro lado, uma enorme apatia po­lí­tica dos grupos que po­de­riam, e che­garam a fazer, re­sis­tência a seu go­verno de re­formas em favor do grande ca­pital. Por quê?

Milton Temer: Vou ser bom­bar­deado por meus ca­ma­radas, e até amigos, ainda dentro do neoPT, mas vejo esse fenô­meno como se­quela in­con­tes­tável do pe­ríodo de co­op­tação pelo lu­lo­prag­ma­tismo. Quando Lula hoje se con­si­dera traído por Pa­locci, ele não pode negar que foi com Pa­locci em par­ceria com o então recém-eleito de­pu­tado tu­cano Hen­rique Mei­relles, a quem en­tregou o Banco Cen­tral de­pois de reu­niões com Deus sabe quem nos Es­tados Unidos, que co­meteu a grande gui­nada ide­o­ló­gica e pro­gra­má­tica em favor do Pacto Con­ser­vador de Alta In­ten­si­dade.

Para quem tem dú­vidas sobre a ve­ra­ci­dade de tal opção, que ia no sen­tido con­trário à Re­so­lução apro­vada no úl­timo en­contro na­ci­onal do PT antes da eleição de 2002, re­co­mendo o livro do porta-voz do Pla­nalto na­quela oca­sião, e até hoje aliado de Lula, André Singer. É ele que dá nome ao Pacto que citei acima, cujo con­tra­ponto seria um Re­for­mismo Fraco, ca­rac­te­ri­zado pela po­lí­tica as­sis­ten­cial sem mu­danças es­tru­tu­rais que marcou todo o pe­ríodo.

Isso pro­vocou um ce­ti­cismo evi­dente em grande parte da so­ci­e­dade civil não fi­liada, mas elei­tora de Lula e do PT, na ló­gica do “che­gando ao poder são todos iguais”. Ce­ti­cismo re­sul­tante do des­gosto com a con­ci­li­ação de classes, pro­vo­ca­dora da des­mo­bi­li­zação brutal, se com­pa­rada com a ação pre­ce­dente contra o man­da­ri­nato de FHC por parte da CUT, da UNE e até do MST.

Fe­liz­mente, temos a Frente Povo Sem Medo, par­ti­cu­lar­mente pelo seu braço mais or­ga­ni­zado – o MTST – re­cu­pe­rando os es­paços da rua.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que achou do enun­ciado pe­tista, a dizer que o par­tido boi­co­taria as elei­ções em caso de im­pe­di­mento da can­di­da­tura de Lula?

Milton Temer: Uma sa­tis­fação à pla­teia. Vá propor isso aos par­la­men­tares fe­de­rais e es­ta­duais, em grande parte trans­for­mados em apa­ratos de re­pro­dução de man­datos... Vá dizer a eles para abrirem mão da pró­xima cam­panha... Eu até acho que eles já estão ope­rando, em­bora ne­guem pu­bli­ca­mente, um plano al­ter­na­tivo de dis­puta ma­jo­ri­tária.

Cor­reio da Ci­da­dania: Por que as es­querdas ainda exigem au­to­crí­tica do PT se a nova pre­si­dente do par­tido, Gleisi Hoffman, disse no 6º Con­gresso da le­genda que isso não será feito, uma vez que se teria feito muito pelo Brasil?

Milton Temer: Porque se não houver au­to­crí­tica fi­camos todos na pos­si­bi­li­dade de nos vermos en­vol­vidos em novo es­te­li­o­nato elei­toral – cam­panha ou­sada, com go­verno ren­dido. O que, pelas úl­timas de­cla­ra­ções de Lula – lou­va­ções nos­tál­gicas a Mei­relles e de­cla­ração em en­tre­vista a Da­mous que não re­veria de­ci­sões de go­verno an­te­ri­ores, pa­rece mais que pos­sível. Pa­rece certo.

Cor­reio da Ci­da­dania: Sobre elei­ções, con­corda com o fi­ló­sofo Vla­dimir Sa­fatle, que es­creveu re­cen­te­mente que “não ha­verá 2018”? 

Milton Temer: A si­tu­ação con­tra­di­tória no campo das di­reitas, onde os jor­nais trans­for­mados em par­tidos po­lí­ticos de di­reita – Globo e Es­tadão, es­pe­ci­al­mente – não se acertam quanto ao tra­ta­mento do go­verno de Mi­chel Mi­guel (como Sa­fatle o trata e eu agra­deço), e a es­querda frag­men­tada, en­ro­lada nas pes­quisas fa­vo­rá­veis a Lula, mas sem acordo com suas he­si­ta­ções, e com seus mo­vi­mentos so­ciais mais re­pre­sen­ta­tivos ope­rando em sin­tonia dis­tinta, tudo é pos­sível de acon­tecer. In­clu­sive nada.

Mas afirmar que não ha­verá 2018 me pa­rece um pouco con­tra­pro­du­cente. Por que dei­xaria de haver? Há al­guma in­sur­reição à vista? E quanto aos mi­li­tares? A des­peito das úl­timas de­cla­ra­ções eu me per­gunto: golpe contra quem, quando a de­núncia que fazem é da des­mo­ra­li­zação do go­verno tu­cano-PMDB por cor­rupção?

Cor­reio da Ci­da­dania: Como avalia a questão da re­forma po­lí­tica no Con­gresso, que acaba de vetar o cha­mado dis­tritão? 

Milton Temer: É mais uma prova da de­sor­ga­ni­zação das classes do­mi­nantes e de sua re­pre­sen­tação no covil par­la­mentar. Ti­rando a cláu­sula de bar­reira e a dis­cussão torta sobre co­li­ga­ções, tudo vai con­ti­nuar como dantes no covil des­mo­ra­li­zante.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que es­perar para o país nos pró­ximos tempos, em termos po­lí­ticos, econô­micos e so­ciais?

Milton Temer: Ser de es­querda, e assim me man­tenho quase aos 80 anos de vida, é ter ex­pe­ri­ência de ralar no ás­pero. Mas é também vida que já viveu mo­mentos onde a utopia de um outro Brasil, e mundo, pos­sível es­teve bem mais perto. Não de­sa­nimo. Da mesma forma que o ne­o­li­be­ra­lismo aqui chegou de forma tardia, quem sabe, tar­di­a­mente também, a gente con­siga re­petir o que Bernie San­ders, Me­len­chon, Je­remy Corbyn e Pablo Igle­sias estão con­se­guindo, com lutas ex­pli­ci­ta­mente an­ti­ca­pi­ta­listas, na Eu­ropa e nos Es­tados Unidos? Só de­pende de nós. Luta que segue.

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Ga­briel Brito é jor­na­lista e editor do Cor­reio da Ci­da­dania.

domingo, 24 de setembro de 2017

CRETINISMO MEDIÁTICO - 
22/09/17
Para quem nega que a mídia conservadora opera sob visão ideológica, falaciosamente chamada de " isenção", a Folha de S.Paulo de hoje dá exemplo claro da canalhice e falácia nos seus métodos seletivos.
EVO MORALES recebe editorial com título "Tentação de caudilho" por recorrer ao Tribunal Constitucional da Bolívia no sentido de lhe permitir que se submeta a um quarto mandato através do VOTO DIRETO dos seus concidadãos.
Nada a contestar quanto a tal interpretação do jornalão que se pretende porta-voz dos moderados liberais paulistas, não fosse a forma como trata de outro episódio em que a cobrança deveria ser mais rigorosa por se tratar de eleição por VOTO INDIRETO, através dos membros do Parlamento.
Trata-se do caso de ANGELA MERKEL, no poder desde 2005, e que lidera pesquisas cujo partido - o CDU - alcança 36% de aprovação, contra 22% dos social-democratas e 11% do Die Linke, da esquerda combativa.
Neste contexto, bem mais contestável, está lá o título da matéria:
"Se vitoriosa, Merkel terá que conter crises e ampliará influência no mundo".
POR QUE A DIFERENÇA DE TRATAMENTO? Simples.
A Folha considera "CAUDILHISMO'" quando a solução define campo eleitoral para a esquerda. E " DEMOCRÁCITO", quando o desfecho encaminha a mesma opção, mas pela direita; pela candidata da austeridade financeira, a serviço dos maganos do "mercado" onde o crime organizado da manipulação é quase sempre realizado por baixo da venda que cega o processo judicial.
Qual o nome de tal processo? LUTA DE CLASSES, INCAUTOS.
PAUTA IDENTITÁRIA COMO ÁLIBI DA DIREITA 2- 
23/09/17
Pois é...ainda ontem eu debatia com a brava Marielle Franco, vereadora e revelação da nova geração de políticos de esquerda, e seu assessor Arlei Assucena, sobre o tema: Ambos, evidentemente, não se enquadrando na crítica para a qual pretendo chamar a atenção
SETORES da esquerda não estariam caindo numa armadilha da direita ao hegemonizar lutas setoriais, fragmentadas, ditas identitárias, ao assumí-las sem que estivessem subordinadas à questão mais ampla e universal da luta de classes?
Porque a direita, argumentava eu, sabe como operar o tema, mantendo-o no campo do comportamental, sem alusão ao social, quando "combate" o preconceito.
CABERIA À ESQUERDA, por seus militantes nos diversos segmentos, NO MEU ENTENDER, acender a luz amarela, contra aqueles que se entusiasmam com manifestações de "solidariedade" vindas da direita que oprime socialmente, é constantemente racista e até machista, mas condena a homofobia.
Não precisei de mais do que 24 horas para ter reforço no argumento. O Globo, boletim oficial da direita mais reacionária, porta-voz dos interesses dos maganos do "mercado" onde o crime organizado da manipulação opera sob cobertura da venda que cega o Judiciário no que concerne os "de cima", bota pra quebrar na sua edição de hoje.
Está lá o caderno voltado para as mulheres o contraponto ao Juiz que cometeu a sandice/arbítrio autoritário de falar em "cura" para a homossexualidade através da MODA. Sim; um ensaio fotográfico ousado, da melhor qualidade estética, para denunciar o preconceito por ele legalizado.
Negativo para a luta LGBT? Nem pensar. Mas desde que acompanhado da reflexão que isso não é MODISMO. Isso é LUTA SOCIAL.
DISTINÇÃO ENTRE DIREITA E ESQUERDA no tema?? No meu modo de ver, a esquerda assume o que a direita lhe concede, mas deixa claro:
A ABJEÇÃO AO RACISMO, AO MACHISMO E À HOMOFOBIA TEM QUE SER TÃO EXPLÍCITA QUANTO A REJEIÇÃO AOS NEGROS, GAYS E MULHERES QUE SE ALIAM COM O CAMPO OPRESSOR NAS LUTAS SOCIAIS.Ou seja; 1- Que não se ofenda por machista que trate Merkel, Tatcher e todas as líderes dos movimentos neo-nazistas da Europa (a maioria, liderado por mulheres) como seres desprezíveis e anti-sociais.
2- Que não se ofenda como racista quem condenar a maioria de negros eleitos para o covil parlamentar, que se aliam, por voz e voto, com a pior direita.
3- Que não se tache como homofóbico quem manifestar desprezo por gays ou lésbicas que se afirmam publicamente partidários de neo-nazistas onde eles estiverem.
Por supuesto, me coloco à disposição das divergências, desde que tratadas e no âmbito dos argumentos. Sem ofensas
Luta que Segue !!
PS- Espero que este Feice não censure a bela foto com que ilustro a postagem
PAUTAS IDENTITÁRIAS 3
24/09/17
SANS BLAGUE, como diriam os franceses, quando anunciam não querer provocar.
Alice Weidel, 38 anos, é uma economista liberal consagrada e política em ascensão na Alemanha. É também feminista ativa que assume o lesbianismo por conta do casamento civil com uma suíça.
Mas, por opção ideológica, é a cabeça de chapa da AfD (Alternativa para a Alemanha), partido neo-nazista que ameaça superar a cláusula de barreira nas eleições de hoje, o que lhe permitiria ter representantes no parlamento. E mais; tem como principal parceiro de chapa, uma espécie local de waack/sardenberg, um jornalista idoso que não hesita em afirmar orgulho pelo papel do exército alemão nas duas guerras mundiais do século XX.
Pergunto, para aprender, a quem de direito. Como devo tratá-la.?
1- Pelas corajosas opções nas pautas identitárias?
2- Pela abjeta liderança do xenófobo, racista e sociopatologico partido neonazismo que lidera?
PS- O Die Linke, partido da esquerda combativa que se contrapõe às direitas e ao social-liberal SPD, segundo as pesquisas, também aparece forte na disputa da terceira vaga. Mas os telejornais brasileiros, por supuesto, ignoraram

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

BRIGADEIRO TEIXEIRA E A DEMOCRACIA

22/09/17 (VIA (via Mauro Malin)


O brigadeiro Francisco Teixeira (1911-1986), ao contrário do general Hamilton Mourão, propunha mais democracia. Inclusive para os militares.
Ler:
O brigadeiro Francisco Teixeira foi uma das figuras notáveis das Forças Armadas brasileiras no século 20. Ele nasceu em 1911 e morreu em 1986. Quando houve o golpe de 1964, comandava a Terceira Zona Aérea, no Rio de Janeiro, e recusou-se a seguir pedidos de seus companheiros do Partido Comunista Brasileiro para bombardear com aviões as tropas do general Olímpio Mourão Filho que se deslocavam de Minas para o Rio. Disse que só o faria se houvesse ordem expressa do presidente da República, João Goulart. Como se sabe, Jango preferiu evitar uma guerra civil e não deu tal ordem. Saiu do Brasil e morreu exilado em dezembro de 1976, mesmo ano em que morreu outro dos artífices da Frente Ampla estabelecida em 1967 e proibida no ano seguinte pelo governo do general Costa e Silva: Juscelino Kubitschek. Carlos Lacerda, o terceiro líder daquele movimento, morreu em 1977. O brigadeiro foi preso, reformado compulsoriamente e humilhado.
Em preciosa entrevista dada em 1983 e 1984 ao Centro de Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (http://www.fgv.br/cpdoc/historal/arq/Entrevista102.pdf), o brigadeiro Texeira já na primeira resposta às entrevistadoras Ignez Cordeiro de Farias e Lúcia Hipólito dá uma explicação lúcida sobre as razões que levam oficiais das três Forças a fazer pronunciamentos em favor de golpes militares. Ajuda a entender comportamentos como o do general Hamilton Mourão, que no dia 15 de setembro se manifestou a favor de uma intervenção supostamente salvacionista, tendo em vista a incapacidade dos três poderes de, na opinião de Mourão (e de muita gente mais), combater a corrupção. Transcrevo um trecho, com pequenas adaptações:
(…) Num país como o Brasil, que cresceu muito nos últimos anos, com esses conflitos sociais, mesmo antes de 64, a tendência ao golpe era muito natural, porque havia um conflito dentro desse desenvolvimento. Então eu penso que as forças armadas são extremamente sensíveis ao pensamento predominante na sociedade civil, à opinião pública em geral. Porque o militar tem família, a família tem civis, o militar lê jornais... Por mais que seja um homem enquadrado naquelas normas rígidas de disciplina e hierarquia, ele tem uma tendência a acompanhar o pensamento predominante na sociedade civil.
Veja, por exemplo, 64; não há como negarmos que o governo do Jango estava isolado. Quer dizer, a opinião pública, sobretudo a classe média, a burguesia, as classes dominantes, já tinham sido ganhas para a necessidade de acabar com o governo do Jango (…).
Qual era a proposta do brigadeiro para absorver e superar os conflitos políticos no meio militar? Era uma idéia que sugere a possibilidade de se deixar o general Hamilton Mourão dizer o que pensa, salvo pelo fato de que ele propõe atropelar a Constituição, quando cabe às Forças Armadas, antes de tudo, a defesa da legalidade.
Disse o brigadeiro Teixeira, e aqui vai nova transcrição:
“(…) Se as forças que vão ao poder agora [Teixeira se refere ao governo que surgiria da eleição indireta de um candidato civil, no caso Tancredo Neves, que viria a sê-lo em janeiro de 1985, mas morreria em abril e deixaria a presidência da República nas mãos de José Sarney] [se essas forças] querem estabelecer uma democracia estável, o mecanismo que me parece correto para evitar as intervenções militares no processo, isto é, para que as forças civis, as forças reais do processo brasileiro, a sociedade civil realize estavelmente um processo democrático, o mecanismo é liberdade de pensamento político e ideológico dentro das forças armadas. Acabar com a discriminação, que aliás nasceu em 35, naquele equívoco de 35 [trata-se da chamada Intentona Comunista de 1935]”.
O brigadeiro historia, e eu repito aqui essa passagem, para que se entenda corretamente o pensamento dele:
“Com o avanço do fascismo, criou-se no Brasil uma reação a esse avanço, criou-se a Aliança Nacional Libertadora, que teve uma grande penetração na sociedade, inclusive na área militar, como vocês sabem. Getúlio, fechando a Aliança [provocou uma tentativa de revide armado, complemento eu]… Houve um erro tremendo em dar aquele golpe puramente militar de 35. Porque era a primeira vez na história dos conflitos políticos de intervenção militar que o problema ideológico aflorava; até então era só o problema político. Daí em diante o processo de discriminação civil e militar tomou um impulso muito grande!”.
Entendamos, portanto, que a manifestação do general Hamilton Mourão, fora de propósito, avessa à hierarquia, é algo que tem a ver com acontecimentos ocorridos há nada menos do que 82 anos. Mas ele não quer fazer política, no sentido democrático da expressão, ele quer suprimir a política por meio de uma intervenção militar.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017



CAPITALISMO PODRE 
21/09/17
1 - as mesmas potências que destruiram com bombardeios a Iugoslávia, fatiando-a em pequenos territórios, querem roubar aos catalães - Nação com idioma e cultura própria - o direito de decidirem, pelo voto, seu próprio destino
POR QUE A OTAN E OS EUA PODEM FATIAR A IUGOSLÁVIA E OS CATALÃES NÃO PODEM DECIDIR POR SEU DESTINO?
2- as mesmas potências que permitem a Israel, India e Paqustão a participarem do clube de privilegiados que guardam ogivas em quantidade suficiente para destruir o mundo, ameaçam a Coréia do Norte que opta pelo processo para que não se repita contra ela o que se fez contra a Libra e o Iraque.
POR QUE NÃO PROPÕEM UMA DESMOBILIZAÇÃO GERAL DE TODOS OS ARSENAIS? POR QUE NÃO DENUNCIAM O SOCIOPATA TRUMP POR AMEAÇAR DESTRUIR O PAÍS QUE NÃO SE SUBMETE?


DESONESTIDADE SUTIL - 
21/09/17
A rede esgoto não conseguiu desenastrar Mixel postiço.
O Estadão ganhou a parada, junto com os maganos do mercado e dos agentes de tenebrosas transações da av, Paulista.
Mas a rede esgoto tem outros objetivos estratégicos, que toca na base de "não pode ser com outro vai mesmo com esse sacripanta". 
Objetivos fundados na consolidação do pacote anti-social de contra-reformas em andamento no Congresso Ou seja; quando os interesses de classe se impõem, supostos respiros morais e éticos são imediatamente jogados na lata do lixo.
E OS REPÓRTERES E COMENTARISTAS?? - Aí está o busílis. Que o patronato defenda seus interesses específicos é algo que se disputa na luta de classes. Mas quando os assalariados entram no jogo da dissimulação e da contradição de métodos?
Pois vale lembrar a forma como as leilantas e quejandos faziam caras e bocas para modular informações e comentários numa crítica em tom bem mais veemente quando se tratava da campanha pelo impeachment da inepta Dilma Roussef.
Quem os vê hoje não pode reconhecer. Falam do Usurpador e de seus acólitos na quadrilha do planalto como se fossem "cidadãos acima de qualquer suspeita˜. Com respeito e consideração,
Nada contra se fosse sempre assim. Inaceitável e digno de rejeição pela sabujice diante do patronato.
Não adianta. Passaralho que vai, passaralho que vem, nenhum de vocês deixará de ser despejados mais cedo, mais tarde.
E sem minha solidariedade, é claro

terça-feira, 19 de setembro de 2017

QUE PAÍS É ESSE??-
18-09-17
Desligo a TV. Não me interesso por um noticiário que mostra a que nível de barbárie a sociedade humana está sendo submetida, principalmente nas comunidades mais carentes das grandes cidades do Brasil. .

É uma guerra civil se tornando prova da absoluta hegemonia de um conceito de sociedade onde o consumismo, o "levar vantagem" e a subestimação de valores humanos que deveriam ser universais - educação e saúde públicas, geradoras de sentimento de solidariedade e fraternidade; habitação e trabalho para os despossuidos - tornam rotineira a violência e até o genocídio.

ENQUANTO ISSO, NA ONU, o presidente arrogante dessa ex-república, a despeito de todas as denúncias que contra ele se anunciam a cada dia, é convocado pelo sociopata Trump para, junto a vários chefes desprestigiados de "repúblicas de bananas" do continente. E se submete, não para tratar de assuntos de interesse da soberania nacional de cada um de seu país.
Pelo contrário.
Está lá para receber tarefas a serem executadas visando a desestabilização do governo da Venezuela, contra o qual Trump não pode ter prioridade. Afinal, nem todos são sabujos, e um governante de um país asiático a ele se contrapõe com altivez, mesmo sendo alvo da mídia mundial que, enquanto tenta desmoraliza-lo, põe o rabo entre as pernas e se apavora quando ele se arma de molde a se contrapor de igual para igual com o imperialismo ianque que tenta defenestrá-lo.

MIXEL POSTIÇO se submete aos desígnios da Casa Branca, sustentado pelos maganos do mercado onde o crime organizado é protegido, e não combatido, pela lei. Se submete para desempenhar papel ridículo em cenário que os presidentes da Russia e da China se recusaram a partilhar, por considera-lo absolutamente desimportante, e não terem o menos respeito pelo principal anfitrião do encontro.

COMO SE VÊ, o desânimo com o noticiário dantesco dos telejornais, com o Jornal Nacional dando cobertura ao Usurpador e seu discurso na posse da PGR que escolheu, não permitem otimismo.
Mas ao ceticismo é que não devemos ceder. Contra a bandalha da direita reacionária, RESPONDAMOS COM A UNIDADE0 do mundo do trabalho. Com a recuperação de seus valores: A Solidariedade e a Fraternidade. Com a retomada de ação e de seus partidos e de seus movimentos sociais.