Quem sou eu

Minha foto
Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Tamanho não é documento

MILTON TEMER
Odebate sobre os partidos ditos “nanicos”embute de fato outra questão determinante para os que demonizam minorias: a introdução da famigerada cláusula de barreira para formação de bancadas parlamentares. Ou seja, a possibilidade de transformar parlamentos em arena exclusiva de grandes partidos, onde as características desejadas são as anunciadas pelo bizarro líder do mais recente entre
eles, o PSD: “Nem de centro, nem de direita, nem de esquerda.” Resumindo:partidos pretensamente
sem definição ideológica, para melhor operar a mercantilizaçãodo voto, meta prioritária do grande
capital privado na sua fainapermanente de reduzir o Estado à condição de agente das suas operações
e interesses.
Mas o que registra a realidade objetiva do Primeiro Mundo, onde tal modelo predomina, duas
décadas depois do desmonte da União Soviética, da decretação do fim da História e da “vitória
definitiva” do capitalismo sobre o socialismo“real”? Nos Estados Unidos, mas principalmente na Europa, as ruas estão constantemente tomadas por multidões de indignados, inteiramente desiludidos com a dita “democracia ocidental”. É a instabilidade econômica, e social, marcando a conjuntura de mais uma crise do regime “vitorioso”, com a consequente esteira de desemprego e liquidação de
direitos sociais, para além de descrença crescente no futuro.
São, portanto, governos dos grandes e tradicionais partidos, com seus aportes de recursos públicos a bancos “grandes demais para quebrar”, que geraram a dúvida consequente na consciência dessa juventude revoltada.
Partidos políticos para quê, se entre eles nenhuma diferença existe na submissão ao
grande capital privado? Todos compondo o que o saudoso Carlos Nelson Coutinho definia
como americanalhização da política, ao se referir à falsa dicotomia ideológica entre
republicanos e democratas nos EUA. Ou ao“socialismo para os ricos”, na síntese de Noam Chomsky. É daí que vem a desmoralização da vida partidária, e não da existência
de “nanicos”.
Há partidos pequenos, no Brasil, que não valem em centavos o próprio tamanho? Sem dúvida. Mas se há é porque os grandes, anódinos, tão inúteis quanto eles nessa despolitização da política promovida pelo neoPT em seu ajuste à conciliação de classes, têm todo o interesse em mantê-
los. Pois é na negociata com eles que garantem seus infindáveis minutos nos horários obrigatórios de TV durante as campanhas eleitorais.
Não é, portanto, a dimensão, mas sim o caráter e a identidade ideológica que qualificam os
partidos. Com o fim do financiamento privado de campanhas, simultâneo ao voto de lista
partidária, a filtragem se daria de forma natural.Com base no programa de cada partido l
Milton Temer é jornalista e dirigente do PSOL

|

Nenhum comentário:

Postar um comentário