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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Os bilionários chineses e a relação com o Partido ex-Comunista

Naomi Klein, no seu genial "A estratégia do Choque, a ascensão do capitalismo do desastre", obra indispensável para o entendimento dos previsível tragédia que a barbárie do "livre mercado"financeiro pode impor à humanidade, já havia tornado público o caráter predador e antisocial do chamado milagre chines. Comparava-o ao golpe de Ieltsin, na derrocada da URSS, e aos mesmos objetivos e métodos do modelo Pinochet, no massacre do projeto de socialismo democrático que vinha sendo construído pelo governo Salvador Allende, derrubado pela ação conjunta dos fascistas chilenos e o Departamento de Estado dos Estados Unidos, ao tempo em que "direitos humanos" ainda não fazia parte da pauta ianque.

Essa matéria publicada no Valor de hoje, 05/03, comprova a análise, com números atualizados:



Congresso chinês abriga bilionários

Por Bloomberg
Os 70 membros mais ricos do Poder Legislativo da China aumentaram mais suas fortunas no ano passado do que o total combinado dos bens de todos os 535 membros do Congresso dos Estados Unidos, do presidente Barack Obama e seu gabinete e dos nove juízes da Suprema Corte americana.
O patrimônio dos 70 delegados mais ricos do Congresso Nacional do Povo da China, que inicia hoje sua reunião anual, cresceu para 565,8 bilhões de yuan (US$ 89,8 bilhões) em 2011, um aumento de US$ 11,5 bilhões em comparação a 2010, segundo dados do "Relatório Hurun", que monitora os ricos do país. Isso se compara a um patrimônio de US$ 7,5 bilhões dos 660 principais funcionários dos três poderes dos Estados Unidos.
O ganho de renda dos membros do Congresso Nacional do Povo (CNP) reflete os desequilíbrios do crescimento econômico da China, onde a renda per capital anual em 2010 foi de US$ 2.425, menor que a de Belarus e uma fração da renda americana, que ficou em US$ 37.527. A disparidade aponta para os desafios que a nova geração de líderes chineses, que será nomeada neste ano, enfrentará para conter um aumento da agitação social que vem sendo alimentada pela grilagem de terras e pela corrupção.
"É extraordinário ver esse grau de casamento da riqueza com a política", diz Kenneth Lieberthal, diretor do Centro John L. Thornton para a China da Brookings Institution de Washington. "Isso certamente dá uma textura vívida às queixas difundidas na China sobre a extrema desigualdade da riqueza no país no momento."
O Congresso Nacional do Povo, cuja reunião anual ocorrerá por uma semana e meia, é legalmente o órgão governamental mais graduado da China. A legislatura, com cerca de 3.000 membros, é sempre ridicularizada como um parlamento servil, mas entre seus membros estão alguns dos políticos e executivos mais poderosos da China, que exercem seu poder em suas Províncias natais e avaliam propostas como a imposição de um imposto nacional sobre propriedades.
"O CNP não é exatamente o que você chamaria de centro do poder, mas ter um assento nele certamente faz você se engajar a fundo no sistema político", diz Lieberthal.
A Hurun, uma editora de Xangai que publica revistas voltadas para os chineses consumidores de artigos de luxo, usa informações disponíveis publicamente, como documentos corporativos, para compilar sua lista anual das pessoas mais ricas da China. Em seguida, ela cruza os dados com a lista de membros do CNP.
Zong Qinghou, presidente do conselho de administração da fabricante de cerveja Hangzhou Wahaha e o segundo homem mais rico da China, com uma fortuna familiar de 68 bilhões de yuan, é um dos membros do CNP. Da mesma forma que Wu Yajun, a presidente do conselho de administração da Longfor Properties, de Pequim. A fortuna de sua família está estimada em 42 bilhões de yuan, segundo o "Relatório Hurun".
O ex-presidente Jiang Zemin pressionou pela inclusão de empresários ricos do setor privado no Partido Comunista uma década atrás. Agora, eles têm acesso regular aos principais líderes do partido que também são membros do CNP.
A terceira pessoa mais rica do CNP, o magnata do setor de autopeças Lu Guanqiu, viajou junto com o vice-presidente Xi Jinping aos Estados Unidos durante a visita oficial deste ao país no mês passado, tendo participado de uma reunião com o vice-presidente americano, Joe Biden, e o secretário do Tesouro, Timothy F. Geithner, em Washington no dia 14.
"Na China, os ricos têm um grande estímulo para 'entrar no sistema' por causa da fraqueza relativa do estado de direito e dos direitos de propriedade", diz Victor Shih, professor da Northwestern University em Evanston, Illinois (EUA), que estuda política e finanças chinesas. Ser membro do CNP "significa que o rival político ou comercial de alguém não conseguirá facilmente jogar essa pessoa na cadeia ou confiscar suas propriedades."
Muitos dos membros mais ricos do CNP, incluindo Wu da Longfor, são executivos do setor imobiliário, que vem provocando protestos e está contribuindo para o aumento da desigualdade entre os moradores das cidades e os das zonas rurais.
Uma grilagem de terras por um incorporador imobiliário em Wukan, uma cidade pesqueira da província de Guangdong, no sul de China, provocou protestos em dezembro que resultaram na expulsão dos líderes locais do Partido Comunista. O primeiro-ministro Wen Jiabao prometeu acabar com as grilagens e trabalhar para diminuir a disparidade de renda.
Os principais líderes políticos da China, como o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen, não revelam dados sobre suas finanças pessoais ou de suas famílias. Executivos do setor privado como Zong e Lu fizeram suas fortunas graças ao crescimento econômico chinês, que nas últimas três décadas foi em média de 10,1% ao ano. Os chineses comuns também se beneficiaram do crescimento da economia do país, que superou o Japão como a segunda maior do mundo em 2010. Desde que introduziu as políticas de livre-mercado, a China tirou 300 milhões de habitantes - do total de 1,3 bilhão - da pobreza, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
O crescimento do PIB per capita da China em 2010 foi de 9,8%. O PIB per capita mais que dobrou desde 2000, segundo estimativas do Banco Mundial (Bird).
"A preponderância dos bilionários no CNP mostra como são cômodas as relações entre os ricos e o Partido Comunista", diz Bruce Jacobs, professor de idiomas e estudos asiáticos da Monash University de Melbourne, Austrália. "Em todos os níveis do sistema parece haver autoridades locais em conluio com empresários, em que ambas as partes enriquecem, e isso está levando a muitos protestos."



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