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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Crise faz pais abandonarem filhos na Grécia

Quando gregos começarem a se inscrever entre os que, desesperados, partem para o tudo ou nada, por favor entendam: o Ser Humano é ele, e suas circunstâncias.Nada justifica o que a União Européia impôs à Grécia, onde pela primeira vez se falou em democracia. Onde a filosofia se implantou para começar a explicar o homem e a vida.
Quando um país com a história da Grécia, com o seu patrimônio cultural, com sua tradição multissecular, chega a tal ponto, nada é mais é impossível, na perspectiva da barbárie se instalando como produto lõgico do caráter criminosamente predador do sistema capitalista.

Porque aqui há de se levar em conta o muito saqueado durante séculos ao povo grego, inclusive pelo exército alemão na II Guerra Mundial.  Saque se somando ao massacre de patriotas resistentes à ocupação nazista,  às dezenas de milhares. Saque de bens do patrimônio histórico, hoje criminosamente omitidos na contabilidade da dívida que o governo alemão impõem ao povo grego.
Segue a matéria da BBC que dá consistência ao título deste post indignado  



Crise faz pais abandonarem filhos na Grécia

Atualizado em  11 de janeiro, 2012 - 07:45 (Brasília) 09:45 GMT

Crianças estão sendo deixadas em ONGs e igrejas por pais desempregados e desesperados
A crise financeira grega casou tamanho desespero em algumas famílias que estas estão abrindo mão de seus bens mais preciosos: seus filhos.
Certa manhã, algumas semanas antes do Natal, uma professora pré-primária em Atenas encontrou um bilhete que dizia respeito a uma de suas alunas de quatro anos de idade.
"Não voltarei para buscar Anna hoje porque não tenho dinheiro para cuidar dela", dizia o bilhete. "Por favor, tome conta dela. Desculpe. Sua mãe." Nos dois últimos meses, o padre Antonios, um jovem sacerdote ortodoxo que dirige um centro de juventude para a população carente, encontrou quatro crianças em sua porta - entre elas, um bebê com menos de um mês de idade.
Outra organização não governamental teve de atender um casal cujos bebês gêmeos estavam hospitalizados, sendo tratados por desnutrição. Isso porque a mãe, também desnutrida, não conseguia amamentá-los.
Casos como estes estão chocando um país em que laços familiares são bastante valorizados. O fracasso em cuidar de seus filhos é visto como algo inaceitável socialmente: para os gregos, parecem histórias saídas do Terceiro Mundo, e não se sua própria capital, Atenas.

Desempregada, sem-teto e desesperada

Uma das crianças cuidadas pelo padre Antonios é Natasha, uma esperta menina de dois anos levada ao centro por sua mãe, algumas semanas atrás.

Opinião: Stefanos Alevizos, psicólogo grego

Pais que não têm condições de prover cuidados financeiros a seus filhos se sentem desesperados, sozinhos e revoltados. Eles carregam um pesado fardo de estigma cultural e vergonha.
As crianças absorvem as emoções de seus pais, então internalizam esses sentimentos - principalmente a culpa.
Crianças levadas a abrigos podem evitar formar laços com seus cuidadores porque têm medo de que isso configure uma traição a seus pais - o que, em sua visão, significaria que seus pais não voltariam para buscá-las.
Quando crescerem, essas crianças podem desenvolver dificuldades em confiar, o que vai se manifestar em relacionamentos complicados.
A mãe se disse desempregada, sem-teto e desesperada por ajuda. Mas, antes mesmo que a equipe do centro pudesse oferecer-lhe algo, a mulher desapareceu, deixando sua filha ali.
"No último ano, recebemos centenas de casos de pais que querem deixar seus filhos conosco, por nos conhecerem e confiarem em nós", diz o padre Antonios. "Eles dizem que não têm dinheiro, abrigo ou comida para suas crianças e esperam que nós possamos prover-lhes isso."
Pedidos desse tipo não eram incomuns antes da crise econômica grega. Mas Antonios diz que, até agora, nunca havia se deparado com crianças que haviam sido simplesmente abandonadas.
Maria é uma das mães solteiras pobres a deixar sua filha sob o cuidado de terceiros. "Choro em casa sozinha todas as noites, mas o que posso fazer? Dói meu coração, mas não tive escolha", justifica.
Ela passava seus dias e parte das noites procurando trabalho, tendo que deixar sua filha Anastasia, de oito anos, sozinha em casa durante horas. As duas dependiam da comida doada por uma igreja. Maria diz que perdeu 25 kg.
Até que decidiu deixar Anastasia em uma ONG chamada SOS Children's Villages. "Eu posso sofrer, mas por que ela (Anastasia) teria que sofrer também?", diz Maria.
Maria agora trabalha em um café, mas ganha apenas 20 euros por dia. Visita Anastasia mais ou menos uma vez por mês e espera retomar a guarda da filha quando sua situação econômica melhorar - mas não sabe quando isso vai acontecer.

Longe dos pais

O diretor de assistência social da SOS Children's Villages, Stergios Sifnyos, diz que a ONG não está acostumada a receber crianças de famílias afetadas pela crise, nem quer fazê-lo.
"Maria e Anastasia são muito próximas. Não há razão para ficarem separadas", afirma ele. "Mas é difícil para ela receber sua filha de volta sem ter certeza se vai continuar tendo um emprego no dia seguinte."
No passado, a SOS Children's Village costumava cuidar de crianças afastadas de seus pais quando estes tinham problemas com álcool e drogas. Agora, o principal fator é a pobreza.
Pessoas fazem fila para receber alimentos em igreja grega
Situação choca país, que preza valores familiares (Acima, famílias fazem fila para receber comida)
Outra ONG, The Smile of a Child, atendia no passado principalmente casos envolvendo abusos e negligência de menores. Hoje também está tendo que atender crianças prejudicadas por carências econômicas.
O psicólogo-chefe da ONG, Stefanos Alevizos, diz que, quando uma criança é deixada por seus pais nessa situação, suas fundações psicológicas ficam profundamente abaladas.
"Elas experimentam (os sentimentos de) separação como um ato de violência, porque não conseguem entender as razões disso", explica.
Mas, para Sofia Kouhi, da mesma ONG, a maior tragédia da atual situação grega é que os pais que deixam seus filhos sob os cuidados de terceiros costumam ser os que mais amam essas crianças.
"É muito triste ver a dor em seu coração por deixar seus filhos, mas eles sabem que é melhor assim, pelo menos neste momento", opina.
O padre Antonios discorda. Ele acredita que, por mais pobres que sejam seus pais, as crianças sempre estão em melhor situação se estiverem com suas famílias.
"Estas famílias serão julgadas por abandonarem seus filhos", afirma. "Podemos prover comida e abrigo, mas a maior necessidade de uma criança é sentir o amor de seus pais."


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