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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Por que Cabral odeia a liderança dos bombeiros?

O movimento dos bombeiros do Rio de Janeiro sofre mais uma agressão. O Comando da instituição, certamente por ordem do governador, determina, em boletim interno reservado, a prisão por 30 dias do Cabo Daciolo, uma das principais lideranças do movimento que obteve amplo apoio popular, na luta pacífica pela correção de salários e condições de trabalho patra os bombeiros militares do Rio de Janeiro.

E por que o movimento recebeu esse apoio popular? Por uma razão simples, que leva Cabral à irracionalidade autoritária. Não cometeu um erro tático sequer, ao contrário do governante que se expôs a críticas e reprimendas ao tratar os bombeiros mobilizados como "vândalos".  E o fez em entrevista coletiva bizarra. Primeiro, porque só realizada muitas horas depois de anunciada, tais as divergências que se manifestavam numa reunião preparatória. Divergências que ficaram evidentes no desfile de entrada solene do conjunto de secretários ao recinto onde se realizaria a entrevista transmitida ao vivo pelos canais de tv. O secretário de Segurança, Beltrame, vinha com expressão tensa, fechando a fila, e sentando na ponta da mesa, bem distante do governador. E depois, pela forma como, notando a atitude do Secretário, tentou reduzir o constrangimento, convidando-o  para sentar-se ao seu lado. Isto não seria necessário, caso não houvesse precedente mais ou menos conflituoso na reunião fechada, que se realizara anteriormente. A entrevista, passando um ar raivoso e destemperado, mostrou um governante sem controle da situação, e reagindo com o fígado a algo que muito necessitava de cérebro e coração. Nada a ver com o perfil atual da figura.

Na outra ponta do cabo de guerra, os bombeiros davam exemplo.
Primeiro, ao cuidar de não permitir quebra de hierarquia na tropa. A luta pelo atendimento das reivindicações, iniciada espontaneamente por praças e graduados, foi levada à oficialidade e apresentada como algo de interesse comum ao interesse da tropa. Pelo menos àqueles que compõem a banda heróica dos Bombeiros, que vivem exclusivamente de seus salários e não se vêem envolvidos em atividades paralelas em empresas privadas de segurança, ou nas criminosas milícias.
Depois, por entenderem que o movimento teria que alcançar apoio social. E esse apoio social só se obteria com a pressão feita não através de suspensão dos serviços, mas sim com a sua manutenção, realizando-se o movimento nos horários de folga e licença, quando então todos se reuniam nas escadarias da Assembléia Legislativa. Sem quebra de disciplina e sem quebra de hierarquia.
Por fim, na competência de obter amplo apoio político pluripartidário na Alerj, a partir da solidariedade expressa e permanente de vários deputados, com destaque para Janira Rocha e Marcelo Freixo, do PSOL, e Paulo Ramos, do PDT, para além de Flavio Bolsonaro e Clarissa Garotinho, de partidos da direita.

Cabral, emparedado e desmoralizado, vai a público para se desculpar das ofensa que fizera na entrevista coletiva, e estende o tapete de promessas quanto ao que antes se recusava sequer a considerar. Os bombeiros acreditam, e desmobilizam parcialmente a manifestação, a partir do estrondoso sucesso obtido com a Marcha em Copabana - a maior entre as muitas lá realizadas.

O que faz Cabral? Nada. Vai apostar na divisão da tropa por conta do cansaço e do "esquecimento" com a retirada do tema das pautas dos noticiários diários, na mídia impressa ou nas rádios e TVs. E qiaase consegue. A despeito da anistia votada no Congresso Nacional, dando fim às punições até então aplicadas, opera para desqualificar as lideranças e os poucos que guardaram acampamento na porta da Alerj.

O que faz o Cabo Daciolo, preso ilegalmente e solto, por decisão judicial, juntamente com o major Marchesini, após manifestação na porta do Palácio Guanabara? Posta um vídeo no portal do #SOSBombeiros, convocando a Assembléia para o Clube dos Portuários. Mais de 2000 bombeiros comparecem, num clima de absoluta indignação. Para além das promessas descumpridas, os comandos subordinados de forma questionável ao governo, para além de tirar as lideranças de suas funções específicas, ameaçavam com o tratamento caso a caso para resultantes expulsões dos quadros da instituição, após processos administrativos individuais.

É nessa assembléia que se define uma nova etapa de politização organizada do movimento. É nessa assembléia que, com o apoio massivo dos presentes, Daciolo profere a palavra de ordem que agora o conduz à prisão mais uma vez. A palavra de ordem que retrata a total falta de credibilidade da palavra governamental quanto às promessas anunciadas.

É nesse cenário perversamente construído contra uma mobilização exemplar que todos os cariocas e fluminenses devem gritar, solidários: Fora Cabral! Fora Eduardo Paes! Fora pmdb!!!  Que gritemos todos - agora, nas eleições municipais do ano que vem, e nas de 2014.
















Um comentário:

  1. Falta de tato deste governador. O soldo dos bombeiros é uma afronta. Esse movimento é um marco nas mobilizações sociais no Brasil.

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