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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Enfrentando a impotência, ainda que tarde

Duas notícias nos jornalões de hoje são dados novos importantes na avaliação das guinadas pró-
conservadores do governo Dilma.

O Valor Econômico trata dos "ajustes" na diplomacia brasileira, se delineando como mais
pragmática, a partir de roteiros e declarações feitas pela presidente no exterior. Isso, na prática, tem
significado claro: aproximação com as opções e determinações do Departamento de Estado
americano, na lógica da defesa das "direitas humanas". Ou seja; rigor no tratamento com governos
que ousem pensar de forma soberana, e absoluta leniência com os que cumprem o papel de sabujo,
mesmo que estes possam ser muito mais cruéis, repressivos e atrasados do que aqueles.

Vem depois a informação sobre a irritação de lideranças sindicais com o endurecimento do Planalto
em relação às greves de servidores de empresas ou bancos públicos. E quem estrila é a CUT, que se
caracterizou pela absoluta subserviência às prioridades "pragmáticas" do governo Lula, porta de
entrada para as concessões ao grande capital que vêm sendo implementadas pelo governo Dilma. E
que agora entra enfraquecida no embate.

Foram oito anos de absoluta impotência governamental, que prometem sequência nos que se agora
desenham com a sucessora, para a correção e inversão de rumos em uma política tributária e fiscal
absolutamente conservadoras, e inteiramente submetidas aos interesses do grande capital - tanto o
financeiro quanto o do agronegócio predador.

Seriam a CUT e o MST os agentes naturais do contraponto à Febraban e aos ruralistas. Mas qual o
quê.

O silêncio e a conivência se impuseram, e continuamos apresentando uma das mais cruéis tabelas
regressivas de tributação - onde o capital especulativo é isentado por conta da taxação da produção
e do consumo, para além do arrocho sobre os salários - e uma das mais antissociais políticas
agrárias que o mundo possa conhecer. Estão aí os índices isentos das instituições internacionais
para justificar.

Tal contexto se construiu e se mantém consolidado porque, junto a ele, vieram as concessões
assistencialistas do Bolsa-Família, Prouni (que salvou a inadimplência tributária criminosa das
instituições de ensino superior privado), sobre as quais as lideranças sindicais oficialistas
encontraram o veio para o apoio incondicional às demais políticas anti-povo do governo populista.

O que faz o governo atual para alterar essa cruel distribuição orçamentária, que se condiciona aos
mais de 40% destinados aos serviços de uma dívida pública nunca auditada - a despeito de
determinação estabelecida na Constituição de 88- ? Distribuição inaceitável quando se constata que
desse Orçamento não mais que 4% são destinados à Saúde, e que apenas 2% vão para a Educação.
Se depender do anunciado, nada. Pelo contrário; o que se garante é a manutenção de um criminoso
superávit primário, destinado a transferir recursos do Tesouro para as burras dos banqueiros
privados, em sua incessante especulação com títulos da dívida.

É bom que a CUT desperte, mesmo que timidamente. Mas melhor seria que, juntamente com o
Partidos dos Trabalhadores - outrora combativo, hoje se tornando para-raio na defesa de uma
inaceitável coligação partidária -, e o MST, atentasse para o que ocorre no mundo, e se tornasse
vanguarda dos instrumentos sociais de pressão, num contraponto ao crescente poder do grande
capital sobre as políticas públicas. E bom que o faça rapidamente, pois já está aí a Rede Globo se

organizando, em debates privados - monocórdios na defesa do "livre mercado" -,através de
campanhas anticorrupção calcadas na despolitização e na alienação em relação a ações políticas e
partidárias progressistas.

Que o faça, organicamente, antes que o povo as imponha, com as limitações da inorganicidade, e
sua consequente falta de resultados concretos, que terminem resultando em desmoralização e
desencanto - campo ideal para o estabelecimento de retrocessos autoritários.

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