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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Exministro-PMDB indiciado "líder da organização criminosa". Até quando a cúpula do PT vai bancar malfeitos alheios?

Mais um prócer do PMDB, Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura por sua íntima relação política com o cacique do partido, o vice Michel Temer, é indiciado pela Polícia Federal como "líder da organização criminosa". 
 Não vou entrar em detalhes sobre a questão policial, porque eles estarão na reprodução que faço abaixo da íntegra da matéria original. Prefiro me manter apenas no campo da política, para tirar mais uma conclusão sobre o aspecto deletério que o critério de alianças parlamentar imposto ao PT pelo lulo-pragmatismo está causando de trágico se ainda se pensa na legenda como abrigo de uma esquerda realmente transformadora.
E por que a preocupação? Afinal, contestarão alguns, não é natural que se façam concessões quando se define uma estratégia escorada numa base pluripartidária? Sem dúvida, concessões têm que ser feitas em qualquer disputa de hegemonia num regime democrático. Mas uma coisa é a concessão que o governo se obrigue a fazer. Outra, muito distinta, é a concessão nos princípios programáticos que os partidos se permitam no bojo dessas coligações.
Unidade Popular, no Chile de Allende, e Front Populaire, no governo do socialista Leon Blum da França pré II Guerra Mundial, são exemplos históricos dessa necessidade de ampliação. Mas são exemplos também do oposto do que aqui se realiza sob a égide, primeiro, do governo Lula, e, agora, de Dilma Roussef.
Naqueles governos, a unidade em torno do governo não dispensava uma luta permanente pela hegemonia programática entre os governos que compunham a base de apoio. Pelo contrário. Eram disputas intensas.
O que vemos hoje no Brasil é distinto. Nem sempre os partidos se unem em relação ao governo. Várias medidas, aliás, terminaram encontrando mais apoio na base direitista conduzida pela parceria PSDB-PFL, com o PPS fazendo o papel coadjuvante, do que nas próprias bancadas governistas – o Código Florestal, apenas para citar o último episódio mais candente.
Mas, a despeito disso, é impressionante como a cúpula do PT abre mão do  programa do Partido, de sua tradição combativa e de seus princípios éticos fundadores, para assumir defesa dos parceiros a despeito dos malfeitos que venham a produzir. Não procede. E torna-se até trágico pelos resultados concretos que termina produzindo com sua inaceitável “solidariedade”.
Na semana passada, boa parte dessa cúpula – José Dirceu, no seu próprio portal -  despendeu muita energia na defesa do até então ministro Orlando Silva, despachante do PCdoB no controle, em esfera nacional, das verbas orçamentárias que deveriam ser destinadas ao esporte e que terminam privatizadas por ONGs ligadas a seu partido.
É de se esperar que, nessa  denúncia fundamentada em investigações da Polícia Federal, o procedimento não se repita em defesa de Wagner Rossi. Que a Justiça fique com a deliberação final.

Segue a íntegra da matéria divulgada pelo portal do Estadão:

PF indicia Rossi como 'líder' de esquema

FAUSTO MACEDO - Agência Estado- 31/10/11

Relatório de 40 páginas da Polícia Federal descreve o modus operandi do ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), apontado como "líder da organização criminosa" que teria arquitetado fraude no Programa Anual de Educação Continuada (Paec) - capacitação de servidores - para desvio de R$ 2,72 milhões. A PF vai indiciá-lo criminalmente nesta semana, imputando a ele formação de quadrilha, peculato e fraude à Lei de Licitações.
Segundo o relatório, a investigação descobriu "verdadeira organização criminosa enraizada no seio do Ministério da Agricultura". A PF sustenta que "os investigados, muitos travestidos de servidores públicos, atuavam no âmbito de uma estrutura complexa e bem definida, agindo com o firme propósito de desviar recursos da União".
Rossi foi o quarto ministro do governo Dilma Rousseff a perder o cargo. Ele caiu em agosto, após denúncias de tráfico de influência, falsificação de documento público, falsidade ideológica, corrupção ativa e distribuição de propinas a funcionários que teriam participado do procedimento administrativo que ensejou a contratação da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP.
Lobista. O relatório é subscrito pelo delegado Leo Garrido de Salles Meira. Além do ex-ministro, ele decidiu indiciar outros oito investigados, inclusive o ex-chefe de gabinete Milton Elias Ortolan. A PF confirmou denúncia da revista Veja, que revelou que o lobista Júlio César Fróes Fialho detinha poderes excepcionais na pasta, embora não tivesse vínculo formal com a pasta.
"Toda a trama inicia-se com a associação do lobista com a cúpula do Ministério da Agricultura", assinala a PF. "O plano consistiria em direcionar a execução do programa de capacitação de servidores para determinada instituição de ensino, da qual seria exigida vultosa quantia." A PF destaca que Rossi, Ortolan e Fróes "dando prosseguimento à trama delituosa, associaram-se a dois professores da PUC".
O lobista teria exigido contrapartida de 28% do valor bruto do contrato. Segundo a PF, "a organização criminosa, quando se viu compelida pela consultoria jurídica a efetivar uma pesquisa de preço para dar respaldo à contratação da PUC-SP por dispensa de licitação, passou a forjar diversos documentos".




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